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quinta-feira, 28 março 2024

Entrevista com Michael W. Smith

“O que conta de verdade não é o número de discos que você vende, mas o número de vidas que você alcança e transforma”
Verdade e amor. Essas duas palavras podem resumir quase que de forma perfeita o sentimento que a música e a figura do pastor, cantor e compositor norte-americano Michael W. Smith transmitem a quem assiste a uma de suas apresentações – ou, melhor dizendo, ministrações. No Jesus Vida Verão deste ano, o público brasileiro pôde mais uma vez comprovar a força da mensagem de Jesus transmitida pela boca, pelas mãos e pelo talento de Michael.
Vencer barreiras, aliás, não tem sido difícil para este pastor nem para sua música. Ele já cantou para presidentes de nações e lideranças religiosas de todo o mundo. Já ganhou todos os prêmios que um músico pode almejar – nada menos que um American Music Award, três Grammy ® Awards (de 13 nomeações), 44 Dove Awards e 33 “No. 1” hits de rádio. Além disso, conquistou 16 discos de ouro e cinco de platina pelas vendas na carreira, que se aproximam dos 15 milhões de cópias dos seus 22 álbuns. Mas Michael não contabiliza seu sucesso pelas cifras, e sim pelas vidas ganhas para Jesus.
Nesta entrevista exclusiva à revista Comunhão, Smith fala de seu trabalho, de alguns dos grandes problemas da sociedade atual e de sonhos, para si e para o mundo. Na tarde calorenta de Vila Velha, onde à noite ele se apresentaria no maior festival de música gospel do litoral brasileiro, aquele que talvez seja o maior ícone do gênero no planeta hoje conversou com nossa equipe com toda a sinceridade e simplicidade que o caracterizam, não se furtando a nenhum assunto, nem mesmo os mais delicados. Confira.

Sabemos que você é muito preocupado com as crianças e jovens, para os quais, inclusive, desenvolveu um projeto que veio a dar origem ao selo Rocketown. Mas a Igreja tem encontrado dificuldades em atrair e manter em si especialmente os jovens. O que você acha que as lideranças deveriam fazer a respeito?
Michael: Bem, eu posso falar sobre as igrejas norte-americanas, porque são as que eu conheço melhor. De um modo geral, acho que a Igreja nos Estados Unidos não tem feito um bom trabalho nesse sentido e essa foi provavelmente uma das razões pelas quais eu comecei o projeto Rocketown, que era uma espécie de night club para os jovens. E nós conseguimos atrair muitos jovens, porque não os julgamos. Nós apenas os amamos como eles são, pelo que eles são. Não importa de onde eles vieram, o que hajam feito, experimentado ou vivido, se estiveram na prisão ou não, se usaram drogas ou não. Nós apenas os acolhemos e ajudamos, sem juízos de valor. Creio que o amor incondicional é a base do sucesso dessa iniciativa.

Para quem se preocupa com crianças e jovens, as drogas e a violência são a questão mais gritante. Nós temos no Brasil uma geração inteira sendo devastada pelo crack. Qual você acha que deve ser o papel da igreja nesse contexto? Ela deve se envolver nessa luta?
Michael: Bem, creio que algo não está funcionando bem, definitivamente. Este é um problema muito grave, em todo o mundo. Os governos podem até não estar fazendo algo a respeito, mas eu acredito que isso é, certamente, uma responsabilidade da Igreja. O que precisa ser feito em primeiro lugar é realmente orar muito por eles, pela libertação destas vidas. Como igreja, temos que interceder fortemente por elas, com constância e firmeza. Em segundo lugar, temos que orar muito também para termos sabedoria sobre como agir de forma efetiva, de acordo com os planos divinos, pois só assim nossa ação colherá os resultados necessários.

Sua opinião tem relação com sua experiência própria, com o período em sua juventude em que você esteve desviado, envolvido com drogas? Como isso aconteceu a alguém nascido e criado solidamente em um lar cristão?
Michael: Bem, eu simplesmente fui enganado. Se eu pudesse eleger um nome para o diabo, eu o chamaria de O Grande Enganador. Achei que poderia brincar com o fogo e acabei me queimando. Eu era empenhado na obra, um louco por Jesus nos anos 70. Mas comecei a andar com as pessoas erradas e acabei na pior, sem conseguir sair. Agradeço a Deus pelas orações dos meus pais. Eles oraram muito por mim até 1979, quando consegui melhorar. Meus pais nunca deixaram de se ajoelhar orando por mim, nunca desistiram de mim. Eu realmente acredito que foi isso que ajudou a mudar a situação. Orar por seus filhos e amá-los incondicionalmente é hoje o melhor conselho que posso dar a todos os pais que se vejam em uma situação semelhante. Amá-los nas mais diversas adversidades. Eu me converti aos 10 anos, mas, em 1979, tive um verdadeiro encontro com Deus e só assim me afastei das coisas que me prendiam.

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A música é muito eficiente como primeiro passo para atrair os jovens para a igreja, mas como fazer para que sua fé não permaneça superficial, ou seja, como dar um passo além e consolidá-los na fé verdadeira e no propósito de viver uma vida com Deus?
MIchael: Eu não acredito que os jovens sejam superficiais em sua fé. Eu acredito que se isso acontece é porque a própria igreja é superficial, ou faz um trabalho superficial. Há muitas igrejas superficiais e o jovem percebe que aquilo não é real. Então, ele se afasta. A igreja precisa viver o que prega. Quando o jovem encontra isso, ele permanece.

Você já vendeu mais de 10 milhões de discos. Este número significa algo mais para você do que uma simples cifra?
Michael: Para ser sincero, eu nem sei quais são os números de vendagem de discos. Claro que isso proporciona conforto material, estabilidade, mas isso não é o principal, não é o que importa realmente. Vender muito tem significado apenas por dois aspectos: proporciona credibilidade, e, muito mais importante do que isso, proporciona também uma plataforma de visibilidade, multiplicando o alcance da mensagem. Vender tanto ou mais do que astros do rock ou outros artistas seculares é importante apenas por permitir fazer do palco uma plataforma para transformar vidas, e não a sua própria vida. O que conta de verdade não é o número de discos que você vende, mas o número de vidas que você alcança e transforma.

O que é mais importante num país como o Brasil, que tem uma enorme mistura de religiões e onde o protestantismo, embora crescente, ainda não é maioria: consolidar as vidas já convertidas ou converter aqueles que ainda não conhecem Jesus?
Michael: Eu penso que temos que ter paixão por fazer ambos os trabalhos. É realmente muito importante cuidar dos convertidos, especialmente dos recém-convertidos, que são como bebês na fé. É preciso um grande trabalho de consolidá-los na fé, apoiá-los e prover meios para que eles avancem e amadureçam. Mas não podemos jamais esquecer das outras pessoas que estão por aí, sofrendo sem saber que Jesus pode mudar suas vidas. Nós temos a resposta que elas buscam. Acho também que esse é um problema que acontece em todo o mundo: há pessoas e igrejas que se dizem verdadeiramente crentes e na realidade não são. Isso não é uma exclusividade do Brasil. Existem igrejas estranhas em todo o mundo. A única coisa que pode mudar esse quadro é a oração. As igrejas e crentes brasileiros precisam se conectar, se unir para orar muito por sua nação, por seu país.

Como fazer para que o avivamento trazido por apresentações como as suas permaneça dentro das pessoas depois que as luzes se apagam e elas retornam ao seu dia a dia?
Michael: Eu penso que no momento em que você sabe quem você é em Cristo, você conhece 90% da sua identidade. Mas há um mundo louco e difícil lá fora. É preciso estar em lugares e com pessoas que comunguem desse sentimento, que sejam verdadeiros crentes. Não se pode caminhar sozinho. É fundamental caminhar em grupo, ter amigos, amigos verdadeiros, que orem com você, estudem com você, apoiem você, assim como você a eles. É muito bom que a igreja esteja comprometida em fomentar isso, mas esse grupo de amigos não precisa ser necessariamente apenas a ou da igreja. Pode ser um pequeno grupo. Eu e minha esposa, por exemplo, integramos um círculo de oito casais que estão sempre juntos. Há mais de 20 anos que somos amigos e fazemos várias atividades juntos. Eu não sei o que faríamos uns sem os outros. Somos amigos verdadeiros. Mas eu também tenho grandes amigos fora da igreja e até mesmo outros que não são crentes.

O Brasil tem sido visto no exterior como uma nova alternativa de visão de mundo, talvez mais humana e justa. Você acha que a igreja brasileira pode também se apresentar como uma nova visão de igreja?
Michael: Eu já estive no Brasil outras vezes, há muito tempo, e percebo que é um país em pleno progresso. Às vezes acho que a economia brasileira é melhor do que a norte-americana (risos). Pelo menos, é o que tenho ouvido: que você estão se saindo muito bem. Vocês têm feito grandes avanços e apesar de ainda haver questões a serem resolvidas, como você mesma citou – as drogas, a violência -, muitos países também têm, e eu fico feliz que o seu povo esteja desempenhando muito bem o seu papel, fazendo a sua parte. Eu já estive no Brasil cinco vezes antes, e confesso que me surpreendo a cada vinda. Seu povo é caloroso, acolhedor e é surpreendente ver quantas pessoas admiram meu trabalho, oram pelo meu ministério. Eu fico extremamente feliz em cooperar de alguma forma para o crescimento espiritual das pessoas no Brasil. Quanto à igreja brasileira, acredito que seu maior desafio é o mesmo que todas as outras igrejas do mundo: crescer em união e saudavelmente como corpo de Cristo. Não importa que haja múltiplas denominações ou que tenhamos diferenças sobre algumas questões ou ideias teológicas, mas sim mantermos o foco em servir a Deus e amar o próximo, como orienta a Sua Palavra. Isso é o que realmente conta.

Você é um músico talentoso e sua música alcança com facilidade mesmo as pessoas que não são crentes, tocando-as de alguma forma. Embora se diga que a música, como o amor, é uma linguagem universal, sabemos que a língua pode ser uma barreira para os artistas, o que não acontece no seu caso. Por quê?
Michael: Primeiro, porque cantar, compor, são dons de Deus, e usamos esses dons para expressar nossos sentimentos com relação a Ele. Isso não tem nada a ver com religião – portanto, uma barreira a menos. Além disso, vivemos num mundo cada dia mais difícil, em que as pessoas estão prioritariamente preocupadas em agradar a si mesmas, onde os valores estão sendo distorcidos ou perdidos e vemos pessoas crescendo sem parâmetros adequados , sem referências concretas do que é certo ou errado… Enfim, nossa música tenta entrar nessa lacuna, oferecer ajuda às pessoas para que encontrem seus caminhos e construam uma vida mais leve e saudável. Queremos encorajá-las a fazerem essas mudanças.

Falando em mudanças, estamos em janeiro e o início de ano quase sempre inspira as pessoas a buscarem novas metas e fazerem as mudanças que sentem ser necessárias. O que você almeja para 2012?
Michael: O início de um ano naturalmente oferece oportunidade para reflexão e sonho. Refletimos sobre as lições aprendidas do ano passado e sonhamos com o que o ano novo pode trazer. Eu acho que todos nós devemos aspirar à grandeza em 2012. E, pensando nisso, quero compartilhar uma citação poderosa e profunda do Dr. Martin Luther King: ‘Todo mundo pode ser grande …. porque todo mundo pode servir’. Então, espero que todos nós possamos nos dedicar à grandeza em 2012 servindo uns aos outros.

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