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terça-feira, 16 abril 2024

É melhor você acertar o seu relógio e calendário …

Hoje em meio a uma conversa despretensiosa durante o almoço, meu parceiro de A&R, o querido e competente Bruno Baptista, entre uma e outra garfada de um belo Bacalhau Espiritual, fez um comentário a respeito de um produtor musical ganhador de vários prêmios ao longo da carreira de décadas, profissional muito respeitado pelo mainstream, artistas e músicos:

“Estou no meu limite com ele … se ele não entender que as coisas mudaram, acho que é o fim de linha dele na companhia, na verdade, não só na nossa empresa, mas também no mercado como um todo. Este tipo de atitude dele apenas reflete um tipo de profissional que não se adequa mais ao que vivemos no mercado!”

E aí, você curioso leitor do blog deve estar se perguntando: mas o que este produtor fez ou deixou de fazer para receber uma sentença tão dura como esta? Em rápidas palavras, o laureado produtor que coleciona inúmeros projetos de sucesso com milhões de discos vendidos, tendo trabalhado para boa parte do primeiro time da MPB, segue não mantendo prazos, extrapolando orçamentos e agindo como se fosse mais artista do que os próprios artistas. Ou seja, o que antes poderia ser entendido como algo excêntrico ou mesmo um ‘preço a se pagar pela genialidade e resultados’, hoje em dia é tido tão somente como falta de responsabilidade com um bom toque de falta de noção da atual realidade do mercado.

Utilizei-me deste exemplo em meio a um almoço com o amigo e profissional de outro segmento para corroborar com algo que há muito tempo penso em publicar por aqui no blog (Observatório Cristão). As coisas no meio artístico mudaram muito e entre tantas alterações, a falta de paciência com o amadorismo tornou-se ainda maior. Em outras palavras, a indústria fonográfica trabalha num novo ritmo, muito mais racional e que demanda prazos, planejamentos, datas, estratégias, ações e metas.

Como já escrevi em outros posts aqui publicados, as plataformas digitais trouxeram uma nova dinâmica ao mercado fonográfico. Hoje o que menos importa é colocar seu projeto nas plataformas, no Spotify, Deezer ou Apple Music … isso, com todo respeito, qualquer serviço de agregador de conteúdo é capaz de fazer, até mesmo sem qualquer tipo de relacionamento entre o artista e a empresa.

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A grande meta das gravadoras hoje é conseguir destaque para os seus projetos no momento de lançamento nas plataformas digitais. E este destaque é conseguido prioritariamente pela relevância do artista, pela força da gravadora junto aos parceiros e através de um planejamento de entrega e ações de promoção com antecedência. O tempo ideal para que o produto seja trabalhado pela gravadora junto aos parceiros digitais é de 45 dias, depois disso, tudo vai ficar mais complicado!

E aí, voltamos aos produtores musicais … sim! Afinal de que adiantará a gravadora buscar o melhor destaque para o lançamento de um determinado artista ou mesmo na elaboração das estratégias de marketing, se o dito cujo do produtor resolve não cumprir com os prazos e metas pré-determinadas? No meio gospel há casos folclóricos de produtores com atrasos de 120, 180 dias de entrega de suas produções.

Outros que são reconhecidos por cobrarem ‘lebres’ e entregarem ‘gatos’, ou seja, cobrarem custos de produções prometendo os melhores músicos, os melhores estúdios e no fim, limitarem-se a produções quase caseiras. Há profissionais de produção que são reconhecidos por assumirem 10 projetos simultaneamente e seguirem trabalhando num processo de ‘pirâmide’ onde um artista acaba pagando a produção de outro numa miscelânea louca e com resultados sempre catastróficos! Não podemos deixar de citar os produtos temperamentais que dão chiliques de estrela como se fossem eles os clientes e não os artistas e/ou gravadoras.

Enfim, posso listar uma infinidade de modelos de produtores musicais com suas falhas, suas esquisitices e principalmente com a falta de profissionalismo, mas por compaixão aos 69 leitores, fico por aqui mesmo.

A verdade é que este tipo de profissional, inconsequente, desorganizado, sem compromisso, amador e que mais traz chateação do que alegrias, está com os dias contados, ao menos entre as majors e os grandes artistas. O que posso garantir, pelo menos referindo-me à minha pessoa, é que cada vez iremos priorizar mais os produtores que mantêm o compromisso de qualidade sem perder o foco na pontualidade. Que isto sirva como um mantra para todos aqueles que querem se manter no mercado musical!

E o mesmo se aplica aos diretores e produtores de conteúdo de vídeo! Prazo dado é prazo cumprido, como diria o A&R Capitão Nascimento. Enfim, num momento em que os conteúdos chegam às dezenas (às vezes, centenas) a cada semana nas plataformas digitais, garantir o destaque e contar com a parceria destas mesmas empresas é algo fundamental! Por isso, garantir a manutenção dos prazos é a primeira garantia de sucesso do projeto!

Pra bom entendedor …

Mauricio Soares é diretor da Sony Music e articulista do blog Observatório Cristão.

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