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terça-feira, 16 abril 2024

A guerra que não está nos jornais, mas que você participa dela

Não está nos jornais, mas estamos em guerra. Uma guerra que travamos contra nós mesmos, contra o mundo e o Diabo. Não há como fugir e a principal estratégia em cada batalha é estar blindado espiritualmente.
Se você fosse agora convocado para uma grande guerra e não tivesse opção de recusar o chamado, o que pensaria em fazer ou levar para o campo de batalha? A arma mais poderosa; proteção para o corpo, dos pés à cabeça; aprender técnicas de sobrevivência e de resgate; conhecer detalhes da área onde serão travados os combates; aprofundar-se sobre quem é o seu inimigo; ficar perto, sem nenhum tipo de exceção, dos seus aliados?
Pois bem, pode colocar todos esses pontos em prática, mas no plano espiritual. O homem vive em constante guerra contra o pecado, contra o Diabo, desde a sua queda (O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir – João 10:10) e, longe dos caminhos de Deus, é praticamente certa a sua derrota.
Em Efésios 6 encontra-se um dos textos mais descritivos sobre esse confronto, que lista desde quem é verdadeiramente seu inimigo a que armas precisa utilizar: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do Diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”.
“Paulo afirma que todo cristão, quer queira ou não, enfrenta uma luta contra as forças espirituais do mal. Jesus venceu Satanás, mas o inimigo ainda não foi lançado no inferno. Enquanto ele estiver na terra, seu trabalho é guerrear para impedir o avanço da igreja e do reino de Deus. Jesus nos deu garantia de que as portas do inferno não prevalecerão contra sua igreja, mas para isso a igreja precisa guerrear contra as forças das trevas. Isso é batalha espiritual”, explica o apóstolo Ozenir Correia, da Igreja Batista Filadélfia, em Vitória.
Os veteranos dessa guerra orientam que um dos passos mais importantes que devem ser tomados antes de se entrar no front de batalha é saber quem são os seus inimigos – a carne, o mundo e o Diabo – e também quais são os seus próprios pontos fracos, já que com isso ficará mais fácil fortalecê-los, até porque o inimigo também os está estudando para atacar.
O pastor Francisco Carlos de Oliveira Jorge, da Igreja Evangélica Resgate, em Vila Velha, defende que há três áreas na vida que são as mais atingidas nas batalhas espirituais: mente, coração e língua.
A primeira, segundo ele, é atacada porque os pensamentos podem vir de Deus, mas também podem brotar de nosso próprio raciocínio ou das artimanhas do Diabo. “Os poderes das trevas também falam aos nossos ouvidos. Infelizmente, muitos cristãos dão atenção ao que os demônios falam; são influenciados e usados por eles e sofrem as consequências”.
Essa linha de pensamento é também abordada pelo apóstolo João Neto Gomes Freire, do Ministério Internacional da Graça (Mida), em Nova Itaparica, Vila Velha, que argumenta que a grande fraqueza da igreja hoje nessa guerra é que ela desconhece o que é princípio e, com isso, não obedece.
“As pessoas estão confusas sobre o que é certo e o que é errado. A ignorância é uma arma letal nas mãos do Diabo. Aliás, ignorância significa trevas no hebraico, um povo que não tem luz no entendimento. Estamos cheios de opiniões particulares, queremos sempre estar atualizados de tudo, mas esquecemos que o nosso guia é a Bíblia. Às vezes, as tentações (batalhas) são falta de vigilância para com os ensinamentos de Deus”, declarou.
Já a segunda área da vida mais atingida na batalha é o coração, e o pastor Francisco cita um exemplo prático para explicar a importância de se manter a guarda sempre alta. “Coloque-se como um soldado em uma guerra. Se tivesse que se proteger dos ataques do inimigo, quais partes do seu corpo seriam mais vulneráveis? Obviamente, o coração e a cabeça. No mundo espiritual não é diferente. Como em uma guerra, se você for ferido, em qualquer outra parte do seu corpo, até perdendo um membro, dificilmente morrerá. Entretanto, se for ferido no coração ou na cabeça, fatalmente morrerá”.
No plano espiritual, o coração e a cabeça são igualmente vulneráveis e necessitam de proteção redobrada, porque eles controlam todo o restante do corpo. Segundo o pastor, é fácil reconhecer quando alguém permitiu que brotasse em seu coração alguma raiz de amargura, como está detalhado em Hebreus 12:14-15.
“Tudo incomoda essa pessoa; ela é crítica, irritadiça. Todos aqueles com quem ela tem algum contato ficam contaminados. Procura mudar as suas circunstâncias, troca de marido ou de mulher, muda de emprego, mas nada disso impede que tenha conflitos com aqueles que a incomodam. O maior percentual de casos que atendemos no nosso ministério é relativo ao coração, aos problemas da alma. Geralmente, ocorrem com pessoas que não perdoam outras e que fizeram algum tipo de mal, que humilharam, maltrataram, foram desprezadas. E o pior, muitas delas não perdoam a si próprias. Elas travam suas próprias batalhas no plano espiritual”, disse.
A terceira área mais atacada na batalha espiritual é a língua, que é citada em Tiago 3: 5-12 como fogo: “Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal. Com ela bendizemos a Deus Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus”.
“Temos que ter muito cuidado com o que proferimos. Com a língua, podemos matar física e espiritualmente uma pessoa. Podemos também, com a língua, abençoar ou amaldiçoar um ser humano. Há poder nas nossas palavras. Tudo o que dizemos é carregado de poder espiritual, positivo ou negativo. As palavras que brotam do nosso coração podem trazer transtornos aos outros e a nós mesmos. Temos de vigiar nossos lábios. Isso exige muita disciplina e autocontrole. Se nos mantivermos vigilantes com relação à nossa mente, coração e língua, bloquearemos o acesso do Diabo à nossa vida e obteremos vitória espiritual. Só aí então estaremos preparados para iniciar a ofensiva nessa batalha”.

Batalha ou negligência?
O próximo passo para quem quer entrar para ganhar essa guerra é saber se realmente o que se está enfrentando é uma batalha no plano espiritual. É comum ouvir algumas pessoas dizerem que vivem batalhas espirituais mas, quando são analisadas as dificuldades enfrentadas, percebe-se que podem não ser artimanhas do Diabo para fazê-las cair, e sim negligência do próprio soldado.
Um carro que apresenta defeito na hora da ida para a igreja pode até ser uma mina plantada pelo inimigo para impedi-lo de chegar ao culto, mas pode também ser resultado da falta de manutenção no veículo. Ficar doente, passar por uma internação em um hospital, pode ser resultado de anos sem nenhum cuidado com a saúde. Sofrer com uma separação conjugal pode ser a conclusão de um ciclo de brincadeirinhas sensuais fora do lar. Não passar em um concurso ou no vestibular pode ser a consequência de ter preferido sair com os amigos, em detrimento dos estudos. E perder o emprego pode ser os “não frutos” colhidos pelo mau relacionamento com os colegas e o chefe, além da falta de preparo para a vida profissional.
O pastor Joarez Mendes, da Igreja Batista de Jardim Camburi, acrescenta: “Você vai saber diferenciar o que é batalha espiritual e o que é problema do dia a dia com o discernimento espiritual. De um modo geral, tudo que é negativo tem origem em Satanás, mas muitas vezes essas questões corriqueiras têm a ver com negligência, falta de sabedoria e de busca da orientação de Deus”.
Também o pastor Cândido Ferreira de Souza Junior, da Igreja Missionária Manancial, acredita que muitos tropeçam nos problemas da vida e logo põem a culpa no inimigo, mas essa queda pode ter sido simplesmente a consequência de um caminho que escolheu.
“Acredito que 90% do que colhemos são decorrentes de semeaduras que fizemos, e muitas vezes são semeaduras erradas, ruins. É claro que a área que o Diabo mais atua é a área da minha fraqueza. Então, não podemos dar brecha. Temos de estar a todo instante em alerta, como soldados na batalha. O adultério na vida de um homem é resultado da consequência dos atos dele próprio, mas as circunstâncias para que esse pecado acontecesse podem ter sido uma estratégia do inimigo, com base na fraqueza desse pecador. Perder o emprego pode ser corriqueiro, mas se você discutiu com o seu chefe, isso pode ter sido usado pelo Diabo, porque sabia da sua reação em algum determinado assunto”, explicou.
Já o apóstolo João Neto ressalta que o “vigiai e orai para que não entreis em tentação” (Mateus 26:41) deve ser seguido à risca para se evitar a queda. “Se tudo o que acontece de ruim na vida a gente colocar a culpa no Diabo, vamos acabar criando delinquentes espirituais, que vivem errando e sempre jogando a culpa no inimigo. Somos responsáveis por nossas escolhas, ninguém nos obriga a nada. Isso é a guerra espiritual”, afirmou.

Vencedores e perdedores
Em meio a tantos escândalos envolvendo igrejas e líderes religiosos no país, uma pergunta latente se torna mais aguda: “como cristãos, temos com mais frequência ganhado ou perdido as batalhas?”. Infelizmente, quando esse questionamento é lançado para vários pastores, muitos têm como resposta que as derrotas têm sido mais verificadas, porque não há uma decidida dedicação a essa guerra.
“Creio que o povo de Deus nos dias atuais vive sofrendo grandes derrotas por não conhecer as Escrituras e o poder do Pai, e por ser conduzido por chavões, usos e costumes que aprendem e os conduzem a uma superficialidade e fragilidade da fé. Por essa razão, estão distantes da vontade do Senhor para o seu povo. A felicidade de uma vida consagrada já não é mais sentida por muitos, que estão dentro das igrejas tão somente interessados em receber bênçãos e milagres, muito mais do que servir a Deus de todo o coração. A casa de Deus não é uma banca de troca ou compra. É um lugar de adoração e consagração”, argumenta o pastor Hamilton Rodrigues da Silva, da Igreja Presbiteriana em Nova Brasília, em Cachoeiro de Itapemirim.
“Sinceramente, quando olhamos para a vida dos cristãos de modo geral, vemos muita derrota, porque no Brasil, por exemplo, cresce o número dos que se afirmam cristãos, mas há pouca mudança nas pessoas, nas famílias e na sociedade em geral”, declarou o pastor Joarez Mendes.
O pastor Ozenir Correia acrescenta: “Infelizmente os cristãos não conhecem perfeitamente o inimigo, nem as táticas de guerra, e não sabem usar as armas que Deus nos disponibilizou. Assim sendo, vamos contabilizando mais derrotas do que vitórias. Todavia, Jesus já conquistou a vitória na cruz do Calvário para seus servos e sua igreja. Basta a cada um de nós lutarmos com as armas que o Senhor nos deu”.
A escritora Rebeca Brown, autora de diversos livros sobre batalha espiritual, deixa em uma de suas publicações (“Prepare-se para a guerra”, editora Danprewan) uma orientação valiosa sobre como os cristãos devem agir na hora de confrontar o inimigo.
“A maior parte de minha comunicação com o Senhor é silenciosa. Satanás não pode ler a nossa mente. Assim, se você estiver lidando com seus negócios e fazendo suas atividades domésticas, ou outras coisas, e for orando ao Senhor silenciosamente, na sua mente, Satanás não pode saber o que você está pensando. A única coisa que Satanás e seus demônios podem fazer é jogar pensamentos negativos na sua mente: pensamentos que o tornem insatisfeito com a situação, ou aborrecido com outras pessoas ao seu redor etc. Mas o Espírito Santo conhece cada pensamento e pode responder de acordo com o seu nível atual de entendimento dos pensamentos”.
O maior conflito já travado na história do homem infelizmente ainda não chegou ao fim. Ele é travado com armas poderosas, tanto de um lado quanto do outro, e os cristãos devem ficar atentos, sobretudo aos ensinamentos do General da guerra. Estar sempre vigilante é a estratégia essencial para manter-se vivo e lutando, porque se o inimigo conseguir acertar o alvo, o estrago é certo, conforme Jesus alertou em Marcos 3:27: “Pois ninguém pode entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente; e então lhe saqueará a casa”.

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