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sexta-feira, 19 abril 2024

Alguém roubou os nossos heróis

No ano de 2013, uma revista de circulação nacional publicou uma matéria que, além de me chamar a atenção, causou-me extrema perplexidade.

A referida matéria baseava-se nos números divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com base no Censo Escolar de 2011, que apontavam que naquele ano havia no Brasil, 5,5 milhões de crianças sem o nome do pai na certidão de nascimento.

Já em 2015 um instituto conceituado divulgou pesquisa sobre o número de mães solteiras no Brasil e para espanto de muitos já tínhamos mais de 20 milhões de mães solteiras, ou seja, milhões de crianças que seriam na pratica criadas sem a figura de um pai presente.

Nossa estimada e querida nação padece envolta a várias crises. Sofremos com a crise política, com uma crise moral que dilacera os pilares dos bons costumes, padecemos com uma crise econômica que arrasta para a pobreza milhões de brasileiros, mas há uma crise pouco falada que muitos não fazem questão de alardear e que deixará marcas com consequências transgeracionais, e ela se chama crise de Orfandade Paterna.

Milhões de mães solteiras criam seus rebentos sem a figura de um pai presente. Milhões de mulheres exercem a função de Pãe, ou seja, Pai e Mãe fazendo o possível e o impossível para prover-lhes sustento, amor, educação e dignidade, pois em 74% dos divórcios no Brasil os filhos ficam com as mães, sendo que depois de cinco anos esse ex-marido também se tornará um ex-pai.

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Milhões de crianças vivem com o dissabor de nem ao menos constar em sua certidão de nascimento nome do seu pai, sofrendo a rejeição e a inquietude de nem ao menos poder proferir a palavra pai ou papai. Sem contar com aqueles que em nome dos afazeres e obrigações cotidianas estão em casa fisicamente, mas estão ausentes afetiva e emocionalmente, pois estar em casa não significa estar presente, pois os filhos não abrem mão da presença que se manifesta com afeto, amor, carinho, atenção, e nas tão esperadas aventuras através das brincadeiras e histórias.

Alguém roubou os nossos heróis! Urge o tempo em que os pais voltarão a ser os heróis dos seus filhos! Eles foram em muitos lares substituídos pelos desenhos animados, celulares, tabletes e os heróis da Marvel. Há inúmeras pesquisas publicadas por organizações nacionais e internacionais que discorrem sobre importância da presença paterna na vida dos filhos e consequentemente as sequelas oriundas dessa ausência.

Um pai é insubstituível. Autoestima, identidade, propósito de vida, destino, direção, disciplina e tantos outros benefícios que a paternidade integral proporciona.

Uma geração órfã de pais vivos clama por atenção, amor e carinho. Quando medito nas escrituras sagradas, dentre as muitas passagens do NT que proclamam a paternidade divina, está no evangelho segundo Lucas no capítulo 15 uma demonstração da importância paterna, pois o filho fétido, falido e abandonado pelos amigos, se lembra do velho pai e do aconchego do seu lar, pois o mesmo só voltou para casa, pois seu estimado pai havia lhe legado o que de melhor e mais valoroso um pai pode lhe legar: Apego, afeto e vínculo. Muitos filhos saem porque lhes falta esses três ingredientes e muitos relutam em voltar pois sabem que não irão encontrar.

No próximo domingo dia 12 comemora-se o dia dos pais. Uma data para que os filhos demonstrem gratidão, amor, consideração a seus pais, mas também uma data para que muitos pais reflitam, entendam e enxerguem quão sublime missão lhes foi outorgado por aquele que o Senhor Jesus Cristo chamava aos quatro cantos de Abba, Papai. Missão está das mais sublimes, pois Deus faz uso em sua palavra de muitos pronomes possesivos tais como meu povo, minhas igrejas, mas no que tange a paternidade e foi extremante solícito, dividindo com o mais o título que mais lhe quebranta o coração que é o de Abba, Pai, Papai, Papaizinho.

Feliz Dia dos Pais.


Emerson Mafessoni é Bacharel em Teologia e iniciou o ministério pastoral há uma década. Pós-graduado em Clínica Pastoral com formação em Sexologia Clínica e Sexualidade Humana, ele é mestrando em Saúde Coletiva com Ênfase em Sexualidade, em que pesquisa sobre a pornografia e especialista em Adictologista em Pornografia; Terapia Familiar; Coach de Sexualidade e de Paternidade.

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