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terça-feira, 23 abril 2024

Ainda bem que vou morrer um dia

Para consolo daqueles que vivem problemas psicológicos e, volta e meia, anseiam desaparecer da vida, farei uma revelação surpreendente: a vontade de desaparecer, morrer, sumir do mapa já passou pela mente de todas as pessoas normais. Inclusive, pela deste escritor. Esse desejo de fuga, normalmente, ocorre quando estamos pressionados pelos problemas da vida, ou seja, quase todo dia. O aeroporto é o primeiro lugar que vem ao pensamento. Todavia, se a pressão é quase insuportável, só a Nasa resolve. Imagine você a tentação que suporto, afinal, moro justamente na cidade que é sede da Nasa.

Ficarei livre das contas, da agenda apertada, das obrigações do emprego, das pessoas chatas, da rotina de colocar o lixo no local certo, do trânsito, das leis federais, estaduais, municipais, da minha casa, de mim para mim mesmo. Não precisarei correr mais atrás dos difíceis e complicados objetivos e metas que eu mesmo tracei para mim – olha que loucura – e dos quais não consigo me libertar. Ficarei livre do computador. Isso, sim, será libertação. Inclusive, das próprias programações que fiz para eu mesmo me cobrar tarefas. Não ter telefone será quase um livramento espiritual. Adeus dietas, adeus caminhadas, adeus exames médicos, planos de saúde, farmácias, preocupação com colesterol, barriguinha sobressaltada. Patrões, nunca mais terei patrão. Chega a ser inacreditável pensar que jamais terei que pagar um advogado. Aleluia! Políticos, TV e noticiários, nunca mais. Outro “aleluia”!

Vou morrer. Espero. Por volta dos 90 anos. Evitarei a velhice extrema. Não suportarei mais do que 43 anos de modernidades se encavalando – já sabem minha idade hoje. É muita evolução para o meu pobre caminhão. Abomino a ideia de um dia ser chamado de tataravô. Meus tataranetos pensarão que sempre fui aquele ser se desmanchando no ar. Nunca terão ciência de quem fui nos meus tempos de glória. Humilhante demais. Ainda bem que vou morrer um dia.

O escritor de Hebreus 9:27 me garante esse momento de glória suprema: “Ao homem está destinado morrer uma única vez; depois disso, o juízo”. Não sei como alguém, tendo a vida que tem na Terra, boa ou ruim, pode querer voltar para essa correria toda novamente. Prefiro pensar que vou descansar com o meu Deus, para sempre, na cidade maravilhosa (que não é o Rio de Janeiro) que Ele está preparando para mim. Há tempo para tudo, já dizia o sábio, inclusive, para seguir para a eternidade e descansar.

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Para seguir minha dura jornada, vou dando glórias a Deus por tudo o que tenho. Tanta gente queria ter carro para ficar engarrafado. Tanta gente gostaria de ter o trabalho estressante que tenho, gostaria de ganhar o dinheiro que recebo e que é suficiente para comprar o computador, o telefone, pagar o plano de saúde, o advogado, a farmácia, a academia, a casa, sustentar minha família. “Em tudo dai graças”, ensinou o apóstolo Paulo, que também viveu uma vida estressante, mas produtiva. Ainda bem que vou morrer um dia e descansar de tudo isso aqui. No final da carreira, quero dizer como o mesmo Paulo: “Completei a carreira e guardei a fé”.

Caro leitor, um dia tudo acaba. Fique firme nos seus propósitos, fazendo o máximo pelo Reino de Deus e trazendo o maior número de pessoas aos pés de Jesus. Sua vida terá tanto sentido que você não verá mais na rotina diária qualquer dificuldade. Verá apenas oportunidades para crescer como pessoa, como homem e mulher de Deus, experimentará momentos de vitórias e deixará um legado às futuras gerações.

Não tenho suficiente para pegar um voo da Nasa, mas posso voar para qualquer canto do mundo e tirar umas boas férias à beira-mar e depois retornar ao ritmo alucinante com as forças renovadas. A gente pode pegar o mesmo voo e sumirmos do mapa por uns dias. Topa?

Atilano Muradas é jornalista, teólogo, escritor, compositor, músico e palestrante. Gravou oito CDs com músicas próprias e publicou três livros na área de música e teologia. Reside nos Estados Unidos, onde é pastor-titular da Igreja Presbiteriana Brasileira em Houston. www.atilanomuradas.com

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