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quinta-feira, 28 março 2024

Ai, se eu te pego!

O diabo está como “pinto no lixo”. Acabei de ler o livro “Protestantismo Tupiniquim” (Gedeon Alencar) e engatei a entrevista dada por Caio Fábio à Genizah/Cristianismo Hoje, com sua amarga e sarcástica visão sobre a igreja contemporânea e de como só os que estão na “estação do caminho” são verdadeiros (muitas coisas que ele falou são verdade, outras, só porcarias).

Sem descansar li a carta-desabafo, “Tempo de Partir”, do Ricardo Gondim, publicada em seu blog1. Em outras palavras, foi uma dose meio “cavalar” de desânimo, “adoçada” com desespero. No final me restou a dúvida: e agora, o que nós, da igreja evangélica, vamos fazer?

Quero deixar claro que não estou apoiando, endeusando ou exaltando o Gedeon, o Caio ou o Gondim em suas lamúrias existenciais, mas se o choro já está vindo deste lado, é sintoma de que o paciente está muito mal e talvez a “família” não saiba disso.

Que o caminho do evangelicalismo brasileiro dos últimos 10 anos está em rota de colisão com a Palavra de Deus e com a vontade soberana do Espírito Santo, disso nenhum líder evangélico, por mais imbecil que seja, tem dúvidas. O problema é que tanto os líderes quanto os crentes estão sofrendo a mesma “doença de Demas” (2 Tm 4:10), a “demasgogia”, ou seja, a paixão pelas coisas do presente século arraigou-se de tal forma em suas entranhas que o conformar-se assumiu o lugar do transformar. Impregnou de tal forma nossas comunidades (sejam quais forem) que elas saíram totalmente de controle. Não há mais culto em nossas igrejas. Em nossas liturgias, há uma mistura de coisas, algumas boas, outras absurdas, que pelo uso nem mais achamos assim tão absurdas.

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Por mais discutível que seja a atitude do pastor Gondim (e na minha humilde opinião, é), quando ele fala que se vê “incapaz de tolerar que o Evangelho se transforme em negócio e o nome de Deus vire marca que vende bem”, e que “não pode aceitar, passivamente, que tentem converter os cristãos em consumidores e a igreja, em balcão de serviços religiosos”, não podemos ficar apáticos.

Quando Leonildo Campos, citado por Gedeon, menciona em seu livro “Teatro, Templo e Mercado” não apenas a “umbandização do pentecostalismo”, como também a “iurdização do protestantismo”, pela sofreguidão de atender às demandas do mercado religioso, fico tremendamente assustado e chego a concordar com Richardson Halverson: “No inicio, a igreja era um grupo de homens e mulheres centrados no Cristo vivo. Então, chegou à Grécia, e tornou-se uma filosofia. Depois, chegou a Roma, e tornou-se uma instituição. Em seguida, à Europa, e tornou-se uma cultura. E finalmente à América, e tornou-se business. Eu acrescentaria: por fim, chegou ao Brasil e tornou-se uma parafernália misturada com tropicália. A igreja está sendo finalmente “tupiniquinizada”.

Gedeon, por exemplo, se assusta com o “carnaval evangélico” que, segundo ele, é uma contradição, porque o carnaval evangélico é de um amadorismo singular. Um pastiche mal engendrado, porque precisa ser igual (para concorrer), sendo diferente; pois quanto mais conseguir ser carnaval, mais deixará de ser evangélico. Quanto mais próximo do carnaval, mais longe de ser evangelístico. Ou seja, é o “samba do teólogo doido”. E completa: “isso é um modelo de simulacro. É o fantasma que vira realidade. Algo que os teólogos chamam de contextualização; os cientistas sociais, de aculturação ou sincretismo; os crentes mais espirituais de mundanização; os crentes mais modernos, de estratégias gospel. Eu estou chamando de “micheltelónização” da igreja – ai, se eu te pego!. E não é que isso tá pegando todo mundo?

Pobre igreja brasileira, quem a salvará! Por favor, o último a sair, apague a luz!

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