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terça-feira, 16 abril 2024

O visual é bom, mas a música…

O visual é bom, mas a música...

Por Atilano Muradas

Conta-se que certo cidadão resolveu criar o relógio mais completo do mundo. O objeto teria tudo: gravador, GPS, lanterna, rádio, etc. Quando concluiu o trabalho, ele foi apresentá-lo ao público. A manchete: “O relógio mais completo da História”. No meio da apresentação, alguém perguntou onde marcava as horas. Ele mesmo se surpreendeu com a resposta: “Esqueci do relógio!”.

Tal anedota poderia bem ser aplicada para alguns DVDs musicais da atualidade. A filmagem é HD, a coreografia, estonteante, o som, última geração, a performance dos artistas, impecável, a iluminação e a plateia, sincronizadas, as roupas, exclusivas, enfim, tudo padrão Hollywood. Mas alguém se preocupou com a música e a letra? Parece que não. Esqueceram o principal.

O que esses DVDs têm me passado é que o importante mesmo é o artista aparecer bonito e seu trabalho ser uma megaprodução que impressione. A mensagem? Ah, vai essa mesmo que todo mundo está cantando: seja feliz, Jesus vai lhe curar, seu sofrimento vai passar, qualquer coisa assim.

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Os opositores dizem que a música faz parte do todo. Entendo, mas imagine você ter o carro mais moderno e confortável com um motor de Fusca. Imaginou? A música e a letra são os motores de uma apresentação musical. Sem a música não existiria o artista, claro, por que o artista só é artista porque fez alguma significativa arte. Imagine, agora, essa música bem fajuta, vamos assim dizer, “pelada” de todos esses artifícios tecnológicos. Se ela não tiver significado algum, então, ela é inútil e o artista não é artista de fato, mas um caloteiro artístico. Recuso-me a pagar para assistir a um protótipo de artista em meio a parafernálias eletrônicas. Prefiro ir ao Circo de Soleil. Lá, pelo menos, os artistas são artistas mesmo. A gente paga e leva um show de verdade, com motor e tudo.
Onde estão as rimas, o tema, a poesia, enfim, a comunicação? Não vou nem falar daqueles que cantam tão embolado e repetem tanto a mesma frase que a gente não entende nada hora alguma. O pior é que alguns ainda insistem em cantar em inglês e espanhol
Aí é que ninguém entende nada mesmo. Comunicação? Ah, esquece isso, contemple as luzes, a imagem e a qualidade do produto. Dizem que estão ali por causa de Jesus. Tenho dificuldades para acreditar. Basta analisar o público e, pela enésima vez, tentar entender porque tiram tantas fotos e gritam o nome do artista que acaba se comportando como um deus. É idolatria e não venha me dizer que não é.

A salvação para isso é só uma: colocar as horas nesse relógio. Alguém faça algo, pois artistas assim estão formando uma geração de ignorantes musicais. Caro artista, coloque Deus nesse negócio. Lembre-se que tudo é por causa de Deus, de Jesus, e todo mover interno é promovido pelo Espírito Santo. E, por favor, não me diga que é coisa do Espírito. Não tenta me enrolar. Nosso Deus é o mesmo de sempre e a Bíblia me diz exatamente como Ele age: com ordem, decência e “clareza”. Deus não se mistura e não divide Sua glória com músicos falsos e poetas de araque.

Não sou contra qualquer dos ingredientes da modernidade para ajudar na comunicação de uma arte, mas que esses artistas sejam honestos com o público, diminuam os holofotes sobre si, aumentem a musicalidade, melhorem as composições, sejam mais cristãos e menos mercenários. Qualquer hora dessas Deus poderá agir da mesma forma que agiu com Nadabe e Abiu (Levítico 10.1-3).

É jornalista, teólogo, escritor e compositor. Possui três livros publicados pelas editoras Vida e Betânia, nove CDs gravados e recebeu o Premio Areté em 2004. Atualmente, reside em Belo Horizonte-MG, é pastor na igreja Batista da lagoinha, professor no Centro de Treinamento Ministerial Diante do Trono (CTMDT) e editor-chefe do jornal Atos Hoje. Site: www.atilanomuradas.com

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