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terça-feira, 16 abril 2024

Você acredita em milagres?

Para pastores, estudiosos e teólogos, milagre é a intervenção de Deus no cotidiano do ser humano ou no curso da história.

Você crê que, nos dias de hoje, o Sol pode parar no meio do céu e interromper o anoitecer? Ou que cinco pães e dois peixinhos podem alimentar uma multidão de famintos? Ou ainda que Deus possa curar doenças, como o câncer ou a aids, de forma inexplicável pelos médicos? E ressuscitar mortos, você acredita? Se é o mesmo Deus de hoje e de ontem, o que Ele não pode fazer?

Câncer. A palavra mais temida nos consultórios médicos caiu sobre o colo do pastor Marcelo Marçal em forma de diagnóstico após uma bateria de exames. Era dezembro de 2001 e ele tinha apenas 25 anos quando soube que sofria de um tipo raro de tumor maligno em um dos testículos. Casado e pai de uma menina de pouco mais de um ano, Marcelo começou a se preparar para iniciar o tratamento.Enquanto todos se organizavam para as festividades natalinas e viagens de férias, Marcelo enfrentava os ciclos de quimioterapia. Após a primeira sessão e alguns exames, em vez de o tumor diminuir ele se espalhou. Exames mostraram que, além do testículo, havia mais três nódulos, cada um com dois centímetros, no pulmão, na pélvis e no intestino. Os médicos também suspeitavam de um quarto no outro testículo e não deram muitas esperanças para Marcelo.

No dia 15 de janeiro de 2002 ele foi internado. Com a imunidade muita baixa e não respondendo ao tratamento, sua internação parecia ser o estágio final de um jovem que perdia a luta para a enfermidade. Parecia, mas não era. Na época, antes de iniciar o tratamento, assim que recebeu o diagnóstico, o hoje pastor compartilhou com a sua igreja, a Nova Vida de Goiabeiras, que montou um grupo de oração para orar especificamente pela cura. Foram dias e noites, vigílias e campanhas de oração. E Deus, em sua infinita misericórdia, o curou.

No dia 31 de janeiro de 2002, pouco mais de um mês dele ter iniciado o tratamento e também a data do seu aniversário de casamento, Marcelo não tinha mais nada. Novos exames mostraram que todos os nódulos tinham sumido e inexplicavelmente – assim resumiram os médicos – Marcelo estava curado. “No dia em que eu descobri que iria passar por essa situação, eu senti a certeza de que Deus iria me curar. Veio um versículo em minha mente, o mesmo que Jesus falou a respeito de Lázaro, de que aquela enfermidade não era para a morte. Tomei posse dessa palavra, sabia que seria curado, com ou sem tratamento”.

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Os médicos ainda disseram que, mesmo curado, Marcelo não poderia ter mais filhos, já que o câncer havia atingido um dos testículos. Porém, exatamente dois anos depois, no dia 30 de janeiro de 2004, nasceu Rafaela. Três anos depois chegou Davi, para completar a família.Testemunhos como o do pastor Marcelo não são raros. Em todos os cantos do mundo há relatos de pessoas que foram curadas milagrosamente. Curadas e até ressuscitadas. Em setembro do ano passado, chegou a ser noticiado nos grandes telejornais do País o caso de um bebê recém-nascido, prematuro, que foi declarado morto, mas, cinco horas depois, voltou à vida, em Campo Grande (MS). Entrevistados, na época, familiares do bebê – que foi batizado de Kauã Lázaro – disseram que oraram muito pela criança e que não tinham dúvida de que sua vida se tratava de um milagre.

No mês de janeiro deste ano, imagens chocantes de um atropelamento de uma senhora e de seu neto, em Goiás, rodaram o mundo. Como explicar que um garotinho de 5 anos tenha sobrevivido e quase sem nenhum arranhão após as duas rodas de um carro passarem por cima dele? E ainda, no segundo após ser atropelado ele conseguir levantar rapidamente e sair andando? Um dia depois do livramento, a avó da criança testemunhou: “Na hora eu lembrei de Deus e Ele me salvou”.

Intervenção sobrenatural

Para pastores, estudiosos e teólogos, milagre é a intervenção de Deus no cotidiano do ser humano ou no curso da história. É toda a alteração do que é normal ou natural. No senso comum, aquilo que extraordinariamente acontece que seria impossível ao homem fazer. Mas como explicar que alguns vivenciem milagres e outros não?Para o reverendo Tércio Rocha Pinto, da Igreja Presbiteriana de Andorinhas, em Vitória, há três pontos que precisam ser destacados. “Primeiro precisamos crer no que está escrito em Hebreus 13:8, que ‘Jesus é o mesmo, ontem, hoje e para sempre’. Não temos ideia do que Deus tem feito mundo afora, como Ele tem dado livramentos, preservado a vida, curado extraordinariamente, como Ele tem dado provisão… A impossibilidade do homem é a oportunidade de Deus”.

Para o pastor, Deus continua operando hoje da mesma forma que operou no passado e não é verdade afirmar que os milagres registrados na Bíblia não podem acontecer nos dias de hoje. No entanto, ele destacou um segundo ponto, que tem sido o entrave para que muitos hoje não sejam testemunhas desses milagres.”A incredulidade é uma grande trava na ação de Deus. Em Mateus 13:58 está escrito que Jesus não realizou muitos milagres em Nazaré por causa da incredulidade das pessoas. A Bíblia diz que no final dos tempos haveria uma multiplicação da iniquidade e o próprio Jesus questiona (em Lucas 18:8):

‘Quando o Filho do Homem vier, haverá fé na terra?’. O homem, a cada dia que passa, está mais embrutecido, mais incrédulo, mais ateu. E isso é um sinal de que as Escrituras estão se cumprindo”.Um terceiro ponto destacado pelo reverendo tem a ver com a soberania de Deus. “Deus é soberano e faz todas as coisas para o louvor da sua glória. Ele age na história de acordo com a sua soberania. Ele é o senhor da história. Deus realiza o milagre na hora e na forma que Ele quer. No passado, alguns milagres foram realizados para comprovar a autenticidade do trabalho dos apóstolos. Há um propósito maior na operação dos milagres.”

A história do leproso, registrada em Lucas 5:12 é, para o reverendo, o maior exemplo da junção dos três pontos: “O leproso sabia quem Jesus era e que tinha todo o poder para curá-lo, ele tinha fé para isso, mas abordou Jesus como quem entende a Sua soberania: ‘Se tu quiseres, podes purificar-me’. Ele sabia que dependia do querer, do propósito de Jesus, da Sua soberania”, explicou.

Há quem diga que os cristãos de gerações passadas vivenciavam mais milagres do que os da geração atual. Para o pastor Altamir Firmino de Mattos, da Assembleia de Deus de Carapina, na Serra, há uma explicação. “Com certeza os antigos tinham mais fé, a Bíblia diz que por aumentar a iniquidade, o amor de muitos se esfriaria. As pssoas não veem a tecnologia como um milagre, mas a usa e deixa de buscar a Deus. A leitura biblica é deixada de lado, o ensino é pouco, hoje há pouca convivência com Deus pela Palavra. Tudo isso contribui. ‘Errais por não conhecer as Escrituras e nem o poder de Deus’, já dizia Jesus (Mateus 22:29)”, afirmou o pastor.

Ele contou que tem ensinado, em sua congregação, sobre o crer e vivenciar o milagre. “Ensino que é possivel vivenciar o milagre e temos vivenciado. Um dia desses mesmo, minha esposa estava com dor de cabeça muito forte e eu não parei para fazer uma oração grande, só falei que ‘estava repreendido em nome de Jesus’, coloquei a mão na cabeça dela e a dor desapareceu três minutos depois. Às vezes, uma simples dor de cabeça leva a pessoa para a sepultura. Às vezes o pequeno é o grande milagre”.

Lições que ficam

Quem já vivenciou uma intervenção divina conta que foram nos momentos anteriores à operação de Deus, durante a busca incessante em oração ou nos momentos de espera e silêncio que foram realizados o maior dos milagres. Para o doutor e professor de Teologia da Faculdade Unida David Mesquiati, o milagre não é um fim em si mesmo. “A ação está sempre apontando para algo maior, para um propósito maior.

Ao operar uma cura, Jesus está apontando para seu projeto messiânico, para algo que vai além dele, mas que muitas vezes não conseguimos enxergar porque nossa sociedade vive num mundo privatizado, individualizado”, afirmou o professor que também é pastor da Igreja Assembleia de Deus da Glória, em Vila Velha.

Para o pastor Marcelo Marçal, que foi curado de câncer, a cura em si foi somente a parte visível daquilo que Deus estava transformando em seu interior. “Eu sempre corri da responsabilidade com relação ao que Deus esperava de mim. Deus já tinha falado o que desejava da minha vida e depois que passei por toda aquela situação eu me posicionei e me coloquei à disposição do Seu Reino. Entendi realmente que minha vida tinha que estar nas mãos do Senhor, pois eu havia entregue apenas uma parte. Só me entreguei completamente depois de tudo que passei. Deus gerou confiança em meu coração. Eu acredito em milagres, vivi um milagre, mas o maior milagre que Ele fez foi transformar um menino em um homem de Deus, transformar um medroso em um pai de família”, contou.

O reverendo Tércio faz coro. “É em meio às provações que aprendemos as mais belas lições de Deus. Como aconteceu com os amigos de Daniel, na fornalha, muitas vezes Deus não nos livra do fogo, mas no fogo. E em outras vezes, como com Paulo, Deus não vai tirar o espinho da carne, mas a Sua graça será o milagre nos sustentando a cada dia. Muitos crentes adoecem e morrem. O que vamos dizer, que é falta de fé? Que Deus não opera mais milagres? Não. A Deus aprouve. Para o crente, a morte é dia de glória, é dia de ascender aos céus, de estar para sempre com Deus”, acrescentou.

O milagre, para o professor Mesquiati, não pode ser a motivação do crente. “É legítimo buscar uma cura, mas isso não pode ser o motivo de buscarmos a Deus, porque senão nossa fé será reduzida a um produto em um mercado religioso onde curas são vendidas. E, além disso, o milagre não tem força suficiente para manter as pessoas na fé. Ele é um sinal, aponta para a fé, mas quem depende de milagre para ter fé vai se complicar. O milagre não pode ser a razão e nem o fundamento para a fé”, afirmou.

Ele enxerga o milagre com um sentido mais amplo. “Entendo o milagre como algo maior, a própria presença de Jesus, o acesso ao Reino de Deus, isso se constitui num milagre. Não só no campo sobrenatural, mas buscar aquilo que choca o mundo hoje, como buscar a paz, por exemplo. Milagre também é a vida em seu cotidiano, em sua normalidade. Em se tratando de uma humanidade que é decaída, para mim, o verdadeiro milagre é se encontrar com Deus. Aí está o grande milagre, reatar a comunhão com Deus”.

Para aqueles que foram sarados de doenças incuráveis, ou que receberam livramento quando estavam à beira da morte, ou provisão num momento de muita dificuldade, ou ainda que simplesmente acordaram hoje, mais do que crer e viver um milagre, é confiar e caminhar com o Deus de milagres. Aquele que ontem, hoje e para sempre não mudará e continuará com seu propósito para o mundo e para a humanidade.

A MATÉRIA ACIMA É UMA REPUBLICAÇÃO DA REVISTA COMUNHÃO. FATOS, COMENTÁRIOS E OPINIÕES CONTIDOS NO TEXTO SE REFEREM À ÉPOCA EM QUE A MATÉRIA FOI ESCRITA.

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