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sexta-feira, 29 março 2024

Tolerância e amor

O cristianismo é uma mensagem de amor escrito em sangue. O sangue derramado por aqueles que não toleraram a pessoa de Jesus e seu evangelho

Por Reverendo Jr. Vargas

O que será deste mundo se os cristãos não forem tolerantes? A frase poderá ser interpretada como se eu estivesse dizendo que somente os cristãos têm a capacidade da tolerância. Se assim fosse, seria um intolerante falando de tolerância. Contudo, pretendo ser entendido como um cristão que assume a responsabilidade de ser tolerante e não exige que não cristãos o sejam.

O caminho da minha reflexão passa por Jesus Cristo. Jamais soube de alguém com tamanha capacidade de tolerar o outro. O divino se humanizou. Ele não foi humanizado, mas Ele mesmo se humanizou. A Sua tolerância se revela desde o início. Ter se feito homem revela uma profunda tolerância pelo ser humano.

O cristianismo é uma mensagem de amor escrito em sangue. O sangue derramado por aqueles que não toleraram a pessoa de Jesus e seu evangelho. E na cruz, sofrendo as dores de um homem crucificado, vivendo a mais intensa humilhação, verbaliza a sua tolerância e amor: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” – Lucas 23.34.

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Como não sabem? Você se lembra o que aqueles homens fizeram? Eles estavam zombando de Sua divindade, sorteavam as Suas roupas, escarneciam de Seu ministério. Eles sabiam o que faziam, mas não porque faziam. Não encontraram razão para não fazer. Estavam sob o impacto da pressão popular, repetiam as atitudes uns dos outros, cumpriam ordens. Porém, acima de tudo, estavam em trevas.

Seus olhos fechados impediam a percepção de que estavam diante de um homem extraordinário. Entretanto, para eles seria o cúmulo achar uma pessoa extraordinária sendo condenada à morte, e a mais vergonhosa de todas as mortes daquele tempo. Eles não O toleraram. Todavia, o não tolerado os tolerou. Em vez de declarar uma fulminante morte para aqueles crápulas, Jesus deu a eles o olhar de misericórdia e por eles orou. A oração do Mestre, mesmo curta, fulmina a graça incomparável do Senhor: “Pai, perdoa-lhes, por que não sabem o que fazem”.

O que será deste mundo se os cristãos não forem tolerantes? Volte seus olhos novamente para a cruz. Veja os soldados escarnecendo e zombando de Jesus. Observem o cinismo deles ao darem vinagre para o crucificado. Agora, imaginem um Jesus que pede ao Pai que aqueles homens caiam mortos imediatamente, que suas forças mínguem diante do olhar de todos e, ao caírem, faça com que suas vozes pronunciem sofredoramente o nome de Cristo. Poderia ser apoteótico, porém não cristão. Os seguidores do Evangelho trilham por onde seu fundador e guia andou. Se assim não for, talvez sigam a si próprios.

O Evangelho nos ensina a sermos tolerantes com quem pensa diferente. Temos as opiniões e conclusões baseadas nas Sagradas Escrituras. Esta é a nossa única regra de fé e prática. Não é preciso abrir mão de pensar, ou mesmo tomar a forma dos outros para evidenciar tolerância. Ao manter posições, podemos aprender a respeitar os demais e deixar uma porta aberta para diálogos. Só quem considera o seu argumento sem fundamentos poderá temer o diálogo. O ambiente cristão deve propiciar a confiança de se ouvir, ponderar, pensar e tolerar. Afinal, o Senhor nos tolerou e nos amou, continua tolerando e amando. O que Jesus fez é o que preciso fazer. Isso é cristianismo.

Reverendo Jr. Vargas – Rev. Jr. Vargas é casado com Flávia Vargas e pai do Lucas, pastor plantador da Igreja Presbiteriana das Américas, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. É Radialista, escritor e professor.

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