Viver o amor em família e na igreja nos ajuda a lidar com nossas carências e nos prepara para ajudar outros a perceberem que são amados por nós e mais ainda por Deus
Por Reverendo Jr. Vargas
A carência afetiva produz nos seres humanos atitudes que não imaginam serem capazes. O desejo de se sentirem queridos, importantes e valiosos, resulta em esforços descabidos para pertencerem a algum grupo que lhes dê uma falsa ideia de família.
Na Cidade de Guatemala, no país de mesmo nome, cuja população chega a aproximadamente 13 milhões de pessoas, sendo 40% protestantes, vivem jovens com as mesmas aspirações de outros, inclusive os nossos. No entanto, alguns deles escolheram a forma mais violenta de sentirem-se parte de um grupo, quando resolveram integrar uma gangue.
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As meninas têm duas opções para ingressarem. Devem se submeter a relação sexual com vários homens ou serem agredidas fisicamente sem reagir. Se passarem na prova, entram para o grupo. Se não, tornaram-se vítimas da própria carência.
Uma dessas meninas disse: “Achei que a gangue seria como a minha família. Acreditei que teria o amor do qual sentia falta. Mas eles me bateram. Deram-me ordens sem parar. Eles me diziam que eu tinha que roubar ou matar alguém, e eu obedecia”.
Algumas delas foram contaminadas por doenças sexualmente transmitidas. Outras foram presas ou estão internadas em centros de recuperação de viciados em drogas. E certamente, no coração delas ainda habita uma enorme carência afetiva.
Sentir-se querido sempre foi extremamente importante. Ao instituir a Igreja, ainda na formação dos apóstolos e ao longo do Novo Testamento, vemos o amor nas palavras de Jesus, na forma de tratar as pessoas. E mesmo quando foi duramente atacado, manteve de uma forma sublime o amor. Em João 13.35, Jesus declara: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros”.
O discípulo de Jesus vive o amor, não apenas fala dele. As suas palavras comprovam suas atitudes. O discípulo de Jesus sabe que é amado e recebeu este amor do Pai quando não era em nada amável. Foi amado antes de amar, sendo sim um amor incondicional.
Viver o amor em família e na igreja nos ajuda a lidar com as nossas próprias carências e nos prepara para ajudar outros a perceberem que são amados por nós e muito mais ainda por Deus.
Rev. Jr. Vargas é Pastor da Igreja Presbiteriana da Américas e autor do livro “Nada mais será como antes”.
Este artigo foi publicado originalmente em 5 de Fevereiro de 2009 no portal da Revista Comunhão. As pessoas ouvidas e/ou citadas podem não estar mais nas situações, cargos e instituições que ocupavam na época, assim como suas opiniões e os fatos narrados referem-se às circunstâncias e ao contexto de então.